Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


Seja bem-vindo.







segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Coração - Edmundo De Amicis

“Cuore”, do italiano Edmondo De Amicis (1846-1908) editado originalmente em 1886, teve primeira tradução para a língua portuguesa em 1891, por João Ribeiro, publicado pela Livraria e Editores Francisco Alves. O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR - AHLE mantém dois volumes dessa tradução: uma de 1946, como 43ª edição e outra de 1953, a 45ª edição.



Em ambas uma advertência do tradutor, datada de 1925, indica porque usa termos em “brasileiro", diferentemente das traduções portuguesas da Europa: a preferência por uma “linguagem comum as expressões nacionais”.
Em forma de diário o livro conta histórias do cotidiano do menino Henrique, durante um ano escolar. É um livro de formação, como muitos da época, com ensinamentos de valores morais e cívicos.
O livro é dividido em meses escolares da Itália da época: de outubro a julho e trata de relatos sobre os colegas, os professores, a família, passeios e festividades. O protagonista, sempre em forma de crônica, traz cartas de seus pais e também contos mensais: “O patriotazinho de Pádua” e ”Naufrágio”, por exemplo, abrem e fecham o diário.
Livros´para crianças e jovens sobre comportamento e formação eram e ainda são comuns, mesmo que com outra roupagem.Temas e conceitos acompanham o contexto no qual foram produzidos e assim fontes de pesquisa precisam ser entendidas na conjuntura em que se deram.
Usado provavelmente como livro de leitura e com clara intenção pedagógica, pois os relatos são quase que diários e em formato curto, a publicação é sustentada por um eixo: acontecimentos por meio da interpretação do narrador, o menino Henrique.
Sucesso editorial quando foi publicado[1], provavelmente pelo apelo ao civismo e ao nacionalismo, valores tão disseminados no Brasil no período pós-república, o livro ganha agora nova edição.
Segundo Mônica Rodrigues da Costa, na Folha de São Paulo, Caderno Ilustrada de 24/12/2011, a editora Cosac Naify lançou nova tradução, por Nilson Moulin.
Esse lançamento traz a tona um livro de ensinamentos lido por várias gerações e que era mais conhecido no âmbito da pesquisa em Educação.


Notas:
[1] Verificar: BASTOS, M. H. C. Cuore, de Edmundo De Amicis (1886).Um sucesso editorial.
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Acesso:
www.galaxy.intercom.org.br

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Obras de referência

Obras de referência são aquelas que servem de apoio para ampliarmos ou nos certificarmos sobre o que interessa conhecer mais. Dicionários, vocabulários e Atlas estão nessa categoria.
Esse gênero de livro acompanhou e ainda acompanha a trajetória escolar de muitas gerações e também compôs os acervos das primeiras Bibliotecas Infantis da cidade de São Paulo. O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR - AHLE resguarda vários desses livros, tais como: Dicionários de língua portuguesa, francesa, de latim e inglês: bilíngües e trilingues; Dicionários de dificuldades da língua; ilustrados; de rimas; de verbos; os chamados Dicionários práticos; vocabulários ortográficos etc., contando uma centena de exemplares. O mais antigo dicionário do AHLE é de língua francesa, de 1914: Larousse élémentaire ilustré.


Dentre esses livros de referência destaco o Dicionário Contemporâneo de Língua Portuguesa, conhecido como Caldas Aulete, de 1958, data da primeira edição brasileira. (1)
A origem desse dicionário consagrado por várias gerações no país é portuguesa, do fim do século 19 e de autoria do lexicógrafo Francisco Julio de Caldas Aulete, que morreu ainda na fase das escrita de sua obra.
Ora, Dicionários têm várias serventias. No livro A Barca de Gleyre, que contém quarenta anos de correspondência de Monteiro Lobato com Godofredo Rangel, seu amigo da época de estudante, Lobato confessa:
Já percorri este ano as primeiras 700 páginas do Aulete e breve chegarei ao fim porque está me agradando o passeio. (06/08/1909, p.258). Ou ainda: ando a passear pelo oceano das palavras, isto é, ando a ler o Dicionário Aulete e vou tomando notas. (p. 260).
Como vemos nem só para consulta serve um Dicionário.
Vale lembrar que atualmente temos o Aulete Digital: http://www.auletedigital.com.br/ disponível pela Lexikon Editora Digital.

Então por que preservarmos o dicionário em papel?
Bem, o site referido não existiria se não fosse a publicação original; os suportes de registros, desde a pedra, historicamente foram mudando: alguns substituídos e outros convivendo simultaneamente e essas mudanças traduzem diferentes expressões e contextos; o livro, como expressão cultural, recupera formas de pensar, de educar, compondo a história de uma época. Além disso, as diferentes edições do Dicionário trazem a possibilidade de estudos comparativos ou sobre as mudanças na língua portuguesa ao longo do tempo.
Assim um acervo como o AHLE preserva a história e resguarda material que interessa a pesquisadores e aos que buscam sua memória escolar.

Notas
(1) O AHLE possui outro exemplar, de 1979, revisado e aumentado.

Bibliografia
LOBATO, Monteiro (1959). A Barca de Gleyre. SP, Brasiliense, 1º tomo.