Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


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quarta-feira, 23 de abril de 2014

Lourenço Filho e os Livros Escolares


Manuel Bergström Lourenço Filho (1897-1970), educador, ocupou cargos públicos e foi autor de vários livros didáticos.
Reconhecido como um dos pioneiros do Movimento da Escola Nova [1] sofreu críticas por ter participado do período do Estado Novo, ditadura liderada por Getúlio Vargas entre os anos de 1937 e 1945.
Sobre a Escola Nova, Lourenço Filho (1978, p. 151), um de seus precursores no país, afirma que "aprende-se observando, pesquisando, perguntando, trabalhando, construíndo, pensando e resolvendo situações problemáticas apresentadas, quer em relação ao ambiente de coisas, objetos e ações práticas, quer em situações de sentudo social e moral, reais ou simbólicas".

Esses novos métodos de aprendizagem, em São Paulo, foram aplicados na Escola Experimental Rio Branco, na Escola Americana (atual Colégio Mackenzie) primeiramente nos cursos primários. Somente na década de 1940 as idéias da renovação atingiram o ensino médio.  
Como contraponto e estímulo para a reflexão, aponto um trecho do também professor Saviani (1986, p. 14), sobre a propagação da pedagogia da Escola Nova:
"[...] “Escola Nova” organizou-se basicamente na forma de escolas experimentais ou como núcleos raros, muito bem equipados e circunscritos a pequenos grupos de elite. No entanto, o ideário escolanovista, tendo sido amplamente difundido, penetrou nas cabeças dos educadores acabando por gerar conseqüências também nas amplas redes escolares oficiais organizadas na forma tradicional. Cumpre assinalar que tais conseqüências foram mais negativas que positivas uma vez que, provocando o afrouxamento da disciplina e a despreocupação com a transmissão de conhecimentos, acabou por rebaixar o nível do ensino destinado às camadas populares as quais muito freqüentemente têm na escola o único meio de acesso ao conhecimento. Em contrapartida, a “Escola Nova” aprimorou a qualidade do ensino destinado às elites".

Lourenço Filho organizou várias coleções didáticas, desde a série Biblioteca Infantil da Ed. Melhoramentos (ver neste blog) e outras dedicadas à formação de professores das antigas escolas Normais.

Alguns livros escolares o consagraram, como os Testes ABC  livro para o Curso Normal (1ª ed. 1933),  Cartilha do Povo (1ª edição em 1929) e a série de leitura graduada Pedrinho, composta de textos para serem usados nos primeiros anos escolares, publicada em 1955, com inúmeras edições. Organizada para as escolas primárias, contém uma Cartilha (Upa Cavalinho), quatro livros para as séries do curso primário e um quinto para o aperfeiçoamento da leitura.
PEDRINHO é o nome do personagem do ‘Sítio do Pica Pau Amarelo’ de Monteiro Lobato. Será coincidência?

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR – AHLE mantém dezenas de livros de autoria, organizados ou revistos por Lourenço Filho, sem dúvida um dos educadores mais atuantes do século XX.

Referências Bibliográficas:

 LOURENÇO FILHO, M. B. Introdução ao estudo da Escola Nova. São Paulo, Melhoramentos, 1978. (páginas: 175, 176 e 210).

SAVIANI, Dermeval.  Escola e Democracia.  São Paulo, Cortez, 1985. (p. 11-14).





[1] Movimento de Educadores da década de 1930, bastante estudado e divulgado. Consultar livros de História da Educação.