Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


Seja bem-vindo.







sexta-feira, 20 de março de 2015

Histórias Infantis como fonte de pesquisa para a Educação


Em 2013 organizei a reedição de um livro já comentado aqui, “Histórias Maravilhosas”[i] de Osório Duque Estrada  (1870-1927), publicado originalmente na década de 1920. Um livro que segundo palavras do autor, continha “novos e velhos contos da Carochinha, colecionados, redigidos, adaptados e postos em linguagem acessível às inteligências infantis.”

Reeditar um livro de contos para crianças escrito no início do século XX trouxe algumas dúvidas. Um livro de contos, tão antigo, será que não envelheceu? Os contos serão ainda adequados?

Bem, a leitura de Histórias Maravilhosas mostrou que nem tudo envelhece, principalmente livros e histórias infantis. Quem não se lembra ou já não ouviu falar de antigas histórias contadas ao pé da cama ou em roda de crianças? Ou ainda, dos contos nos livros de leitura usados na escola?

Além do mais as novas gerações têm outros meios de assimilar certos conteúdos inspiradores e quase consagrados da literatura infantil. Mas, sobretudo o valor histórico de uma obra como esta sem dúvida já justifica a sua publicação.

Duque Estrada adaptou e/ou resumiu certas histórias populares, tais como contos do folclore brasileiro, alguns tirados de Silvio Romero[ii] e outros recolhidos por Couto Magalhães[iii]; contos do Livro das 1001 Noites; lendas africanas; lendas indígenas, além de contos estrangeiros.

Essa publicação preencheu, então, um espaço pouco explorado da literatura infantil na época, em que a maioria das edições era de traduções ou adaptações de obras, principalmente europeias e geralmente com linguagem inadequada às crianças.

Para esta reedição foram excluídos vários contos do “Livro das 1001 Noites”, que na sua origem não foi escrito para as crianças e continham exemplos modelares de conduta envolvidos pelo mundo adulto. Escolhemos dentre esses contos os reconhecidos como infantis: “Ali Baba” e “Aladino”, entre outros que permaneceram.

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR – AHLE  mantém inúmeros livros de contos,  poesias  e  histórias infantis de várias épocas e usados na escola com objetivo didático e também de formação moral. Eram comuns séries de livros denominados Leitura Recreativa Escolar ou coleções de livros de leitura organizados por educadores e, ainda, professores escreverem livros de leitura para as crianças.

Um material de pesquisa que recupera várias facetas da educação e da cultura do país.

Notas:


[i] O AHLE tem os originais desta publicação. O livro atual, de 2013, foi editado pela Escrituras.
[ii] Contos Populares do Brasil de Silvio Romero (1851-1914), lançado em 1885 e reeditado pela Editora Landy, em 2000
[iii] José Vieira Couto de Magalhães (1837-1898) foi escritor mineiro e folclorista.