Naquele momento a recente indústria editorial brasileira buscava no Estado uma fonte de recursos, já que livros de uso escolar eram adquiridos pelo poder público (o que acontece até os dias atuais). Assim muitos autores pautavam sua produção nessa direção.
Um exemplo de aproximação entre livro escolar e literatura infantil é a publicação Narizinho Arrebitado de Monteiro Lobato, com a recomendação do autor: “para uso nas escolas primárias”. Jogada de marketing? Publicado em 1921, com a “imprudência editorial” de 50 mil exemplares, o livro foi ofertado para os Grupos Escolares e escolas do Estado de São Paulo. Em uma visita do então Presidente do Estado, Washington Luiz a escolas da capital, surpreendeu-o um livrinho que as crianças carregavam. Era o tal Narizinho Arrebitado. Mandou então que se comprasse e fosse distribuído nas escolas. Com isso a grande tiragem esgotou-se. (1)
Livros de literatura infantil com dizeres “de uso escolar” ou “recomendados como livro de leitura” etc. eram comuns e forma de terem penetração no ambiente escolar e muitas vezes, serem adquiridos pelo Estado.
O AHLE possui, além de cartilhas, livros de primeiras leituras; livros de leitura escolar; de comunicação e expressão; antologias; livros de literatura brasileira e luso-brasileira. Esses livros referem-se aos cursos primário e secundário, para usar linguagem mais corrente, já que denominações de graus de ensino mudaram com o tempo por conta das legislações educacionais.
Esses livros, sem dúvida, nos indicam a história do livro didático de Língua Portuguêsa em todas as suas subdivisões.
Notas:
[1] CAVALHEIRO, Edgard. Monteiro Lobato Vida e Obra. SP, Cia Ed. Nacional, 1955 p.570/571.
É apaixonante ler esses diálogos acerca da leitura na história da educação brasileira. Esses livros contam sobre os pensamentos de uma política educacional que nos fazem refletir o presente. Obrigado por compartilhar.
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