Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

LIVROS ESCOLARES DURANTE O “ESTADO NOVO”



Por conter livros desde o século XIX até o fim da década de 1970 (80 anos consecutivos) o ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR - AHLE tem um material representativo de vários períodos da história do país.
Destaco, neste texto, alguns aspectos da formação escolar durante o “Estado Novo” (1937-1945), cuja meta foi a difusão do nacionalismo, do patriotismo e dos princípios do projeto político-ideológico da ditadura instaurada. Esse período valeu-se da censura e do controle dos meios de comunicação através do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda. A máquina do Estado enaltecia a figura de Getúlio Vargas mediante a disseminação de cartazes e fotos e os livros escolares apregoavam o trabalho e o patriotismo como valores absolutos. O ensino primário deveria ter como função despertar aptidões físicas, morais e intelectuais, visando à formação do cidadão e do trabalhador. (LENHARO, 1986, p.168).
Dentre outros livros escolares do período o AHLE mantém uma coleção para crianças, de 1940, denominada “Biblioteca Patria”, conjunto de livros em quadrinhos titulados “Grandes Figuras do Brasil” (Murilo, Rafael et alli. 1940). Essa coleção traz uma apresentação, em forma de ofício, assinada por Getúlio Vargas, reiterando o empenho do governo em propagar exemplos de patriotismo por meio dos “vultos nacionais”.
A juventude foi o alvo central da difusão da ideologia oficial, através da “Juventude Brasileira”, organização de caráter educativo criada em 1940 e vinculada ao Ministério da Educação. Voltada para crianças dos 7 aos 11 anos e jovens dos 12 aos 18 anos, essa organização previa a instalação de centros cívicos em todas as cidades e também no interior das escolas oficiais. [1]
A forte censura e o direcionamento do Estado em propagar a ideologia oficial atingiu, sem dúvida, todas a instâncias da sociedade e em relação a educação escolar se expressa, por exemplo, no capítulo III, artigo 12 do Decreto-Lei 1006 de 30 dezembro de 1938, abaixo transcrito:

A autorização para uso do livro didático será requerida pelo interessado, autor ou editor, importador ou vendedor em petição dirigida ao Ministro da Educação, o qual se juntarão 3 exemplares da obra, impressos ou datilografados, acompanhados, nesta última hipótese, de uma via dos desenhos, mapas e esquemas, que a mesma forem parte integrante. (Nóbrega, 1952, p. 598).

O ACERVO HISTORICO DO LIVRO ESCOLAR tem inúmeros livros didáticos, para-didáticos e de referência das décadas de 1930 e 1940 que traduzem o projeto pedagógico do período e as práticas culturais e de escolarização.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


LENHARO, Alcir. Sacralização da Política. Campinas, Papirus, 1986.

NOBREGA, Vanbdrick L. Enciclopédia da legislação do Ensino. RJ, V. 2. 1952.


[1] Sobre a “Juventude Brasileira”, verificar HORTA, José Silvério B. (1994). O Hino, o sermão e a ordem do dia. A educação no Brasil (1930-1945). RJ, UFRJ, 1994, principalmente páginas 203 a 287.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

LIVROS ESCOLARES DE LÍNGUA ESTRANGEIRA

Lanteuil, H. SP, Fco. Alves, 1958


Na História da Educação do país a Reforma Francisco Campos[1], de 1931, é considerada aquela que, pela primeira vez, deu organicidade aos cursos secundários. Como herança ainda do século XIX e da descentralização da educação na República, os graus de ensino primário ou elementar e os cursos de formação de professores no nível médio eram de responsabilidade dos Estados, antigas províncias do Império. Já os cursos médios ou secundários e os de nível superior eram da alçada federal. Portanto, a Reforma acima citada teve repercussão em todo o país, ao atender a demanda cada vez mais crescente pelo ensino secundário, porta de entrada para os cursos superiores.
O ensino da língua estrangeira aparece nesses cursos secundários. A Reforma Francisco Campos incluiu o francês, o inglês, o latim e o alemão (facultativo) nas diversas séries que compunham esse grau de ensino.
Nos anos de 1940 as Leis Orgânicas de Ensino, conhecidas como Reforma Capanema
[2], para o ensino secundário instituíram um primeiro ciclo com quatro anos de duração (ginásio) e um segundo ciclo de três anos (clássico e científico).
Quanto ao ensino de línguas, no curso ginasial foi obrigatório o ensino do latim, do francês e do inglês.
Para o curso Clássico houve a inclusão do ensino da língua grega, como opcional.
Nos cursos Científicos houve a inclusão da língua francesa, do inglês e 1 ano de espanhol (não tinha latim).
A reforma de ensino do governo militar, nos anos de 1970, Lei n.5692, suprimiu o latim e o francês como matérias obrigatórias.
[3]
O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR – AHLE possui duas centenas de livros escolares de língua estrangeira. Destacamos livros de latim, o mais antigo de 1944; de língua francesa, desde 1910; de inglês, desde 1932; de espanhol, desde 1941 e um livro de língua grega de 1952. O AHLE resguarda também livros de referência, como dicionários e Atlas.

[1] Francisco Campos foi Ministro da Educação e Saúde entre 1930 e 1934.

[2] Gustavo Capanema foi Ministro da Educação no período de 1934 a 1945.


[3] Sobre as reformas de ensino mencionadas, verificar ROMANELLI, Otaiza. História da Educação no Brasil. RJ, Vozes, 1978; RIBEIRO, Maria Luisa Santos. História da Educação Brasileira – a organização escolar. Campinas, Autores Associados, 1978 e
GHIRALDELLI, Paulo. História da Educação. São Paulo, Cortez, 1995.