Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


Seja bem-vindo.







quinta-feira, 8 de setembro de 2016

SOBRE GRAMÁTICAS



 Quando falamos em livros de gramática pensamos logo naquelas regras todas que compõem a Língua Portuguesa. Pois é isso mesmo. Dentre os livros que o ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR - AHLE resguarda, datados desde o fim do século XIX até os anos 1970, centenas são de Língua Portuguesa em todas as suas especificidades e muitos de gramática, matéria já comentada em outra postagem deste Blog e que será retomada aqui.
Pois chamam à atenção nesses livros as várias denominações que acompanham a especificidade do título: Gramática metódica; expositiva; descritiva; normativa; simplificada; elementar; prática, além de “novíssima ou moderna”. E é sobre  esses diversos títulos de que tratarei.
O AHLE consegue demonstrar as mudanças ocorridas tanto na língua, quanto nos métodos de ensino, por ter livros escolares que abrangem um período de oitenta anos consecutivos. Mudanças essas próprias da dinâmica da língua e de sua história através do tempo, estudada pela Gramática Histórica, desde a sua origem, até as várias fases de sua evolução.
Vejamos então que Gramática descritiva ou expositiva tem a mesma definição, expõem o estado atual da língua.
Por outro lado, Napoleão Mendes de Almeida, consagrado autor de livros escolares de Língua Portuguesa, usou, desde os anos de 1950, o termo, “metódica” e explica: “o estudo da gramática é metódico, gradativo. Das noções elementares de linguagem vai o aluno ampliando aos poucos, vagarosa, mas completamente.”[i] Gramática Metódica de Língua Portuguesa é título de três exemplares do autor, no acervo, reeditados até os anos de 1970.
Francisco da Silveira Bueno e Lima Rocha, por sua vez usam o termo “normativa”. Gramática Normativa da Língua Portuguesa. Esse termo parece uma redundância, já que a gramática apresenta as normas, as regras que orientam a língua, mas na 1ª edição de 1944, Silveira explica que até então as gramáticas continham um excesso de análise lógica, o que afastava o aluno. E a sua gramática trazia explicações em notas, exemplos clássicos e modernos, citações etc., métodos mais afinados com o seu tempo.
Os termos, “simplificada ou elementar” apontam para o grau de ensino que a publicação está voltada, geralmente para o programa do antigo curso ginasial, atual 2º ciclo do ensino básico.
E os termos, “moderna ou novíssima” se orientam pelo “novo tratamento a temas da língua” e com isso, assinalam para uma abordagem menos clássica ou tradicional. Um dos livros de Evanildo Bachara, por exemplo, é assim apresentado pelo autor, ao incluir “análise literária”.
O mais antigo livro de gramática do AHLE é de 1924, editado pela Fco. Alves, Grammatica Portugueza, de Alfredo Gomes, já na 24ª edição. Outro livro com o mesmo título, de 1925, tem autoria de João Ribeiro, cuja 1ª edição data de 1921.
O AHLE disponibiliza para a pesquisa dezenas de livros com o título de "gramática" e outros tantos livros específicos de regras gramaticais, tais como: sintaxe de construção, crase, correção de frases etc.
 Afinal, última flor do Lácio, inculta e bela, já dizia o poeta.

Notas:




[i] Prefácio de ALMEIDA, Napoleão Mendes. Gramática Metódica da Língua Portuguesa. SP, Saraiva, 1958.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

JOÃO KOPKE


Ao continuar com pequenas biografias de educadores  ou dos  que publicaram livros escolares, apresento João Kopke (1852-1926). Utilizo aqui a biografia não como um gênero historiográfico, mas para trazer algumas informações e situar autores dos livros que o ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR   - AHLE disponibiliza para os pesquisadores e público afim. Para quem tiver interesse no tema, indico um título de François Dosse.{1}
Kopke nasceu no Rio de Janeiro, foi advogado e promotor público, mas logo dedicou-se ao ensino. Lecionou em Campinas no Colégio Culto à Ciência (criado em 1873)[2] e fundou, na cidade de São Paulo, a Escola de Neutralidade, onde lecionaram Caetano de Campos e Rangel Pestana.
Foi autor de cartilhas, a mais consagrada, Método racional e Prático de aprender a ler sem soletrar, foi publicada pela Ed. Garraux e recomendada para as escolas de São Paulo. Essa cartilha adotou o método da silabação, em contraponto à soletração, metodologias mais utilizadas na época. A soletração, uma das mais antigas formas de alfabetizar, privilegiava a memorização. 
Kopke escreveu também inúmeros livros escolares para crianças e adolescentes.
Para os estudos sobre as práticas de leitura e escrita nas escolas, a obra e a trajetória de João Kopke trazem significativas informações sobre o contexto escolar paulista do fim do século XIX e início do XX.
O AHLE resguarda dois livros do autor e quatro livros da Coleção João Kopke da Ed. Francisco Alves.
Os livros da Coleção foram revistos pela professora Lucia Monteiro Casasanta: Histórias de meninos na rua e na escola, 26ª edição de 1960 e 29ª edição de 1963, ambas da Ed. Francisco Alves e Histórias de crianças e animais, 1º livro, de 1961 e 1963, 26ª e 28ª ed.





Notas: 
{1} Dosse, François. O desafio biográfico: escrever uma vida. SP, Edusp, 2009.

[2] Verificar:Adriana Lech Cantuaria. Escola Pública e competência escolar – o caso do Colégio Culto à Ciência. FE/Unicamp. http://27reuniao.anped.org.br/gt14/t141.pdf

Sobre o autor verificar, entre outros, Claudia Panizzolo. João Kopke, o ensino da leitura e da escrita. PUCSP. http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe3
Este trabalho trata do educador João Kopke, mostra sua relevância para a História da Educação e também faz um levantamento de outros estudos acadêmicos sobre o autor, facilitando, assim, a pesquisa (sem dúvida, umas das funções do pesquisador).

Parte deste texto teve como fonte: www.unicamp.br/iel/memoria