Em relação ao livro escolar, objeto central deste Blog, duas considerações sobre esse material: primeira, livros escolares são raros porque são descartados e com isso, raros porque escassos. Segunda, raros porque antigos? Não é bem assim. Não é só a antiguidade uma qualidade, mas também a forma, o conteúdo e o que representa a fonte de pesquisa.
Revisitei algumas definições para compreender melhor o significado deste acervo.(1) Desse modo, no exame do conceito de “acervo”, palavra de origem latina que significa acumulação e muitas vezes referenciada como velharia, vem a idéia de passado, da acumulação de indícios, que se materializam em documentos, em bens ou em patrimônio. A quantidade é uma das variantes a que se submete o acervo que compõe os arquivos, as bibliotecas, os museus e os centros de documentação, onde encontramos um conjunto desses indícios, identificado com o que denominamos fontes de pesquisa.
Por outro lado, o termo “fonte” está associado à origem, à procedência, a fonte de consulta que fornece informações. Na filologia, área do conhecimento que privilegia o estudo de documentos escritos antigos, fonte é termo identificado como texto ou documento original. As fontes de pesquisas e as discussões em torno da especificidade desses documentos fazem parte de estudos como o de RODRIGUES (2) (1969, p.143), que nos informa sobre os instrumentos dos trabalhos históricos, classificando-os em fontes primárias ou originais, como aquelas que contém informações de testemunho direto dos fatos e fontes secundárias ou derivadas, que contém uma informação colhida por terceiros. Nesse sentido, o livro escolar pode ser fonte primária ou secundária de pesquisa, de acordo com o seu conteúdo.
Como usar essas fontes? Os livros escolares expressam idéias e assim, precisam ser historicizados, ou seja, entendidos a luz do contexto em que foram produzidos. Os textos deste Blog apresentaram, mesmo que de forma breve, essa preocupação.
O Blog teve treze textos ao longo de 2009. Fora o de abertura, os outros foram temáticos e descritivos com o objetivo de divulgar certas especificidades do ALHE. O próprio trabalho de pesquisa para essa divulgação, o atendimento a pesquisadores aqui na Biblioteca ou pelo emeio, abrem cada vez maiores possibilidades do acervo. Temas nem pensados, tornaram-se mais uma área de pesquisa. Como exemplo, o Design. Estudantes se interessaram pelas ilustrações, pelo formato, capa etc., ou seja, pelo suporte material dos livros ao longo do tempo.
Como arquivar é uma palavra que pode significar guardar, no sentido de deixar de lado e esquecer, aqui a preocupação é guardar para extroverter. É através de ações que o guardado se revela e assim este Blog é um dos instrumentos que tenho para mostrar esse acervo e com isso imprimir um significado ao guardado.
Promessa para o próximo ano? Claro! Escrever mais e trazer mais informações sobre o AHLE.
(1) Parte dessas definições foi desenvolvida no texto: Acervo de fontes de pesquisa para a História da Educação brasileira: características e conteúdo, texto integrante do projeto: Navegando na História da Educação brasileira, disponível no site do HISTEDBR, relacionado neste Blog.