Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


Seja bem-vindo.







quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Restaurado "Os Lusiadas" (para uso nas escolas) de 1879



Qual é o futuro de um livro antigo? Em um texto sobre livros infantis, Walter Benjamin relata o caso de um colecionador de livros antigos que os salvou da máquina de triturar papéis. [1] Não só colecionadores, mas acervos criados para resguardar livros e documentos, sejam temáticos, institucionais, públicos ou privados também têm a função de salvá-los da destruição.
Além da trituração, livros antigos correm outros riscos: a decomposição do material pelo manuseio, pelas condições inadequadas de guarda e pelo tempo.

Mas contraditoriamente ao desgaste que o tempo imprime aos livros e documentos, quem trabalha com preservação considera que o tempo seleciona e é atributo porque traz as marcas do passado, muitas vezes por meio de ressalvas do leitor, de pequenas anotações e das dedicatórias. Até insetos, nem sempre bem-vindos, participam da história desses materiais.

Tudo isso para relatar a recuperação do livro mais antigo do Acervo Histórico do Livro Escolar – AHLE. Trata-se de Os Lusiadas, de Luis de Camões, para uso escolar, publicado em 1879, por Abílio Cesar Borges (1858-1891).[2]                                                      
Pois esse livro agora adquiriu nova feição. Foi reparado pela restauradora Marlene Laky, que gentilmente se ofereceu para recuperá-lo da passagem do tempo, com o profissionalismo de quem conhece, aprecia livros e respeita o que é relevante do aspecto histórico documental.
Quero registrar nossos agradecimentos por esse generoso trabalho.






[1] BENJAMIN, Walter (2002).  Livros infantis velhos e esquecidos. In: Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a Educação. São Paulo, Duas Cidades e Editora 34.

[2] Editado em Bruxelas, pela Typographia e Lithographia E. Guyot, o livro em questão já foi tema deste BLOG em 26/06/2012.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

LITERATURA E LIVROS ESCOLARES




A relação entre literatura infantil e livros escolares é pouco estudada.
Segundo Nelly Novaes Coelho, tanto educadores quanto escritores foram os precursores dos livros literários para crianças e também dos livros escolares no país. Esses gêneros “tiveram influência na formação da mentalidade brasileira tradicional” [1] e se confundiam quanto aos objetivos de formação moral e de ensinamentos escolares.
1939
Os primeiros livros ou coleções de literatura infantil usados nas escolas foram escritos ou organizados por professores[2] e adotados para a prática da leitura.
Por outro lado, livros escolares ou didáticos não são muito valorizados como produção intelectual, por serem usados num curto período de tempo e descartados ou por não terem valor literário e científico. Mas nas primeiras décadas do século XX vários escritores se dedicaram a escrever livros didáticos ou de uso escolar tais como Cecília Meirelles, Érico Veríssimo e Olavo Bilac, por conta da pouca produção desse gênero de livros.
É recente a busca de livros escolares como fonte de pesquisa, tanto para a história da educação, quanto para a recuperação de aspectos sócio-culturais de um determinado período.
A organização do AHLE em 2008 teve essa função de resguardar livros escolares antigos e disponibilizá-los para a pesquisa. Os vários temas trazidos pelos pesquisadores demonstram as inúmeras possibilidades desse material. 






Notas:


[1] Dicionário crítico da literatura infantil e juvenil brasileira. Edusp, São Paulo, 1995, p.23.

[2] A coleção Biblioteca Infantil, da Ed. Melhoramentos,  foi organizada, entre outros, por Lourenço Filho e Arnaldo de Oliveira barreto.
Essa coleção já foi tema deste Blog em 2011.










quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

CURSOS DE ADMISSÃO AO GINÁSIO

Os Cursos de Admissão foram preparatórios para o ingresso no Curso Ginasial (atual 2º ciclo do Ensino Fundamental).  O aluno, após os quatro anos do curso primário (atual 1º ciclo do Ensino Fundamental), poderia fazer um quinto ano ou então, um exame de admissão composto pelas matérias: Português, Aritmética, Geografia e História.
No art. 3º da Portaria Ministerial n. 325, de 1959, consta que são matérias de exame de admissão: Português, Matemática, História do Brasil e Geografia, especialmente do Brasil.
Parágrafo 1º: Haverá prova escrita e oral de Português etc...
Esses exames foram instituídos por meio da Reforma Francisco Campos, em 1931 e vigoraram até 1971, sendo obrigatórios nas escolas públicas e dificultaram o acesso ao ensino secundário, funcionando assim como um vestibular seletivo.
Os livros escolares de Admissão geralmente são compostos pelas matérias de ensino obrigatórias, com exercícios, textos para o "Ditado" e continham várias estratégias de apoio aos professores.
O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR – AHLE mantém algumas dezenas de livros de Admissão, dos anos de 1950, 60 e 70, em diversas edições.
Por outro lado existem vários estudos em História da Educação que tratam desses cursos. [1]








[1] Blank, Maria Elizabeth (or.), Aksenen, Elisângela Z. Desvelando os exames de Admissão ao Ginásio na educação paranaense. http://sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe7

Verificar também: Narrativas digitais sobre os exames de admissão ao ginásio: egodocumentos e cultura escrita na história do tempo presente. Profa. Dra. Cristiani Bereta da Silva.
 Acesso: http://www.revistas.udesc.br