Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


Seja bem-vindo.







segunda-feira, 30 de maio de 2011

MOBRAL

O Movimento Brasileiro de Alfabetização - MOBRAL foi um programa de educação de adultos entre 1971 e 1985, durante a ditadura militar, instituído pela Lei Nº 5379 de 15/12/1967. Caracterizou-se como empreitada de grande porte e com claro interesse político ideológico.

Programas para alfabetizar a população adulta datam das primeiras décadas do século 20, mas nos anos de 1960 surge uma nova referência sobre esse tema: a pedagogia de Paulo Freire.

De forma resumida essa pedagogia visava articular educação popular e consciência política. Com o golpe militar de 1964, qualquer manifestação desse naipe foi censurado e seus mentores perseguidos.

Com um propósito alfabetizador e ideológico e partindo de palavras-chave (igual ao método de Paulo Freire) o MOBRAL diferenciou-se por conter princípios propagados pela ditadura militar onde critica e problematização da realidade estavam ausentes.

Segundo a apresentação do programa pelo governo federal, “O atual ritmo do MOBRAL nos convence de que chegaremos a 1978 com índices de alfabetização semelhantes aos das nações de maior progresso econômico e social. E estamos certos de que esse movimento, que não é mais uma promessa e sim uma realização, atesta o que o povo brasileiro pode construir pela conjugação do seu entusiasmo com uma administração racional”. (1)
Isso não ocorreu como atestam o número de analfabetos no Brasil no fim dos anos de 1980 e ainda hoje.

O AHLE mantém um exemplar do MOBRAL e outros livros escolares editados pelos poderes públicos. Como exemplo a Coleção Educar.


Figuras:


1. Capa do Livro de Leitura, 9ª ed. s/d.


2. Página ilustrando "palavras-chave"


3. Página interior das Coleção Educar, s/d.



terça-feira, 10 de maio de 2011

Algumas considerações sobre pesquisa em História da Educação (1)

O objetivo principal deste Blog é divulgar um acervo de livros escolares antigos, fonte de pesquisa, na medida em que recupera aspectos culturais e educacionais de várias épocas.
Como instrumento pedagógico, o livro escolar é expressão de conteúdos, de métodos de ensino, mas também de ausências, do que foi excluído e não explicitam o seu uso na prática educativa.
Nesse sentido a reunião de informações, muitas vezes fragmentadas e as conexões com um universo mais amplo, transformam esse material em significados explicativos, que contribuem para o conhecimento do processo educacional e não se tornem apenas fragmentos esparsos do passado. Nas palavras de HOBSBAWM (1998, p. 229), não só descobrir o passado, mas explicá-lo e ao fazer isso, fornecer um elo com o presente.
Para tanto o livro escolar é um material que não deve ser supervalorizado, pois por si só não contém um caráter elucidativo; a problematização dentro de um quadro explicativo e de um referencial teórico; o cuidado para não nos deixarmos influenciar por uma visão impregnada do presente e a necessidade de historicizá-los são alguns procedimentos que atribuem ao livro escolar valor documental para a pesquisa.
Objeto da cultura, o livro escolar insere-se em um ambiente pedagógico específico e em um contexto histórico e cultural, como produto da intencionalidade do processo educativo que por sua vez está impregnado pelos vários interesses que compõe determinada organização social.
A par disso os livros escolares podem ser estudados em várias áreas do conhecimento histórico. Por exemplo, ao resguardarem uma forma de expressão que se alterou com o tempo, proporcionam a recuperação dos modos de comunicação e de linguagem entre o autor, o editor e a criança e o jovem escolar. As diferentes edições de um mesmo título oferecem revisões do livro, novas ilustrações, capas diferentes, informações que caracterizam as mudanças editoriais e o percurso da produção do livro escolar.
A preservação desses livros implica também a preservação da memória educativa e cultural de várias gerações.



Referências bibliográficas: HOBSBAWM, E. (1998) Sobre a História. São Paulo, Cia das Letras, 1998.



Notas: 1. Parte deste texto foi publicada na Revista Online Histedbr.



Imagens:1. Santos, Theobaldo M. (1949) A arte de estudar e fazer exames. SP, Cia Ed. Nacional.


2. Cardim, Carlos A. Gomes (1926) Tradições nacionais. SP, Typ. Siqueira.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Biblioteca Monteiro Lobato e o AHLE

O AHLE é constituído principalmente pelos livros escolares resguardados nas antigas bibliotecas infantis da cidade de São Paulo. Na origem dessas bibliotecas está o Departamento de Cultura, órgão da prefeitura de São Paulo, criado em 1935. Dirigido por Mário de Andrade esse Depto propunha a instalação da primeira Biblioteca pública para crianças, a Biblioteca Infantil Municipal inaugurada em 1936, atual Biblioteca Monteiro Lobato.







A década de 1930 é considerada por muitos estudiosos um marco da modernidade nacional. Em São Paulo, a expansão urbana, o processo de produção industrial e a crescente densidade populacional foram características que impuseram à cidade uma nova conformação, a extensão do acesso à educação e novas necessidades de cunho cultural.

Acrescenta-se a isso, a escola nova, movimento que preconizava outros moldes para a educação e que se fez sentir também na ampliação de equipamentos de educativos. Nesse contexto, a função de educar foi delegada à escola e a outras instituições, favorecendo a criação de uma biblioteca infantil pelos poderes públicos.
A Biblioteca Infantil da cidade de São Paulo foi o embrião de outras que se formaram nas décadas de 1940 e 50. Essas bibliotecas resguardaram parte do seu acervo não mais disponibilizado para o público, tanto como reserva técnica, quanto na expectativa de definições oficiais acerca do destino desse material. O livro era retirado de circulação por vários motivos, tais como: livros muito manuseados, não mais procurados pelo público ou por estarem desatualizados em relação à nomenclatura e ao conteúdo.
Nesses acervos preservados encontravam-se livros escolares antigos e assim formou-se um acervo especial para pesquisadores da Educação e de outras áreas, o Acervo Histórico do Livro Escolar – AHLE, que faz parte da Seção de Bibliografia e Documentação da Biblioteca Monteiro Lobato.
Em abril deste ano a Biblioteca completou 75 anos e sempre no mesmo bairro, a Vila Buarque, região central da cidade. Como primeira diretora da Biblioteca Infantil foi convidada Lenyra Fraccaroli, normalista da turma de 1932 da Escola Caetano de Campos e responsável pela organização da Biblioteca Escolar dessa escola sob a orientação do Prof. Antonio D’Avila. A permanência na direção até 1960, quando se aposentou e sua participação no processo de expansão das Bibliotecas Infantis pela cidade de São Paulo, entre 1940 e 1950, faz de Lenyra uma importante protagonista nos projetos e nas características dessas primeiras bibliotecas.
Assim o AHLE representa fonte de pesquisa na área da Educação e da Cultura como também material que recupera a função da Biblioteca Infantil e da rede que se constitui nos anos 40 e 50 e as políticas públicas no âmbito da educação extra-escolar no período.

Imagens:

1. Folheto de divulgação do AHLE.


2. Imagem da frente da Biblioteca Monteiro Lobato