Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Ciências Naturais nos Currículos Escolares





Os currículos escolares compõem-se por conteúdos e práticas educativas historicamente constituídas e assim o ensino de caráter mais humanístico, literário, científico ou universalista se configura como ideário de determinado contexto.

No Brasil as disciplinas de ensino foram organizadas como grade escolar no século XIX. Até então prevalecia o ensino das primeiras letras, salvo iniciativas isoladas e também o ensino humanista, com o predomínio da ideologia católica. (1)



Pois a vinda da família real em 1808 proporcionou o incentivo a iniciativas culturais, científicas e educacionais, destacando-se na Educação o Colégio D. Pedro II em 1837, escola secundária criada no Rio de Janeiro como modelo  para o resto do país. Nesse período havia ainda alguns liceus e poucas escolas de caráter privado.

O ensino propedêutico e universalista compôs o currículo do Col. Pedro II.  Na primeira matriz curricular desse colégio, distribuída em oito series, aparecem as disciplinas História Natural e Ciências Físicas.

Já na primeira reforma educacional da República em 1890, (Reforma Benjamin Constant), conciliou-se o humanismo com o enciclopedismo, de clara inspiração positivista. No ensino médio constavam as disciplinas Biologia, Zoologia e Botânica.

Nos anos 1930, a Reforma Francisco Campo estabeleceu a nível nacional o currículo seriado para o curso secundário e nele Ciências Físicas e Naturais nas 1ªs e 2ªs séries do ciclo fundamental. Para o ciclo complementar, Biologia Geral e Higiene para o preparatório à Faculdade de Direito e História Natural para os preparatórios de Medicina e Engenharia.

A Reforma Capanema nos anos 1940 estabeleceu outra divisão na grade de ensino. Ciências Naturais aparecem nas 3ªs e 4ªs series do curso Ginasial; no Curso Clássico, Biologia no 3º ano e no curso Científico, Biologia nos 2º e 3º anos. Ciências Naturais fez parte do Ensino Normal.

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR – AHLE resguarda centenas de livros de Iniciação as Ciências e de Ciências para os cursos elementares  e secundários; livros paradidáticos; sobre o corpo humano; livros de Biologia, Zoologia, Botânica e Higiene, entre outros. Há também os multidisciplinares para os cursos elementares com ensinamentos de ciências para as crianças.

Notas:

(1) Entre outros autores, Severino, Antonio Joaquim. Educação, Ideologia e Contra-Ideologia, SP, EPU, 1986.


Referências Bibliográficas:

ROMANELLI, Otaíza. História da Educação no Brasil. Petrópolis,Vozes, 1988.

SOLANGE Aparecida Zotti. Sociedade, Educação e Currículo no Brasil  (dos jesuítas aos anos 1980). Campinas, Autores Associados, 2004.




segunda-feira, 19 de maio de 2014

AROLDO AZEVEDO E LIVROS DE GEOGRAFIA







A edição sistemática de livros didáticos entre nós remonta as primeiras décadas do século XX. O Instituto Nacional do Livro foi criado em 1929 e a Comissão Nacional do Livro Didático pelo Decreto-Lei 1006, em 1938.

Vários autores de livros escolares se consagraram desde então principalmente por produzirem livros de determinada matéria de ensino, publicados durante um longo período e usados por várias gerações de estudantes.
É o caso de Aroldo de Azevedo (1910-174), geógrafo formado pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da USP, um dos primeiros professores de Geografia e renomado autor de livros didáticos.

Geografia das Crianças destinada ao ensino primário, 1ª edição de 1947, é o livro mais antigo do autor resguardado pelo AHLE. Duas dezenas de livros de Geografia, tais como Geografia Regional; Geografia do Brasil; O mundo em que vivemos; Os continentes, de Aroldo de Azevedo e destinados aos antigos cursos primários, ginásios e colegial compõem, entre livros de outros autores, uma amostra representativa de livros didáticos de geografia usados nas escolas do país.

Ao todo o AHLE mantém uma centena de livros escolares de Geografia, entre didáticos, paradidáticos, mapas e de referência como os Atlas, desde a década de 1910 até os anos 1970. Desse modo é um acervo considerável das várias fases do ensino escolar, desde o livro didático voltado para o professor; os que apontavam o estudante como o centro da aprendizagem; a geografia mais física que política; a "decoreba"; livros que exploravam o conhecimento específico para o mais geral e assim por diante.
Como recurso didático o livro escolar representa as várias concepções pedagógicas, tais como a Pedagogia Tradicional e a Escola Nova e também diferentes abordagens no ensino da Geografia, no caso.
As ilustrações compõem diferentes aportes e recursos gráficos apresentados nos livros de uso escolar.
A dissertação de Mestrado  de Paula Priscila G. Nascimento Pina, A relação entre o ensino e o uso do livro didático de Geografia, defendida na UFPB em 2009, é um dos trabalhos acadêmicos sobre livros didáticos de geografia.

Referências Bibliográficas:


SAVIANI. Demerval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas,SP, Autores Associados, 2008.