Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


Seja bem-vindo.







sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Para que serve conhecer Latim?

Para que serve estudar Latim? Afinal uma língua morta, como dizem, e que não se fala mais?
Pois bem, o Latim já fez parte dos currículos escolares dos cursos ginasiais (atualmente 5ª a 8ª série do ensino fundamental) e dos cursos clássico e científico (antiga divisão do que é hoje o curso médio ou recentemente o 2ª grau). O Latim foi extinto junto a outras línguas como o francês, com a  Lei n. 5692, de 1971, que reformulou toda a estrutura do ensino no Brasil. Atualmente a língua inglesa e a  espanhola fazem parte da grade escolar e o Latim ainda compõe a grade curricular dos cursos superiores de Letras e de Direito.
Bem, estudar ou conhecer o Latim facilita muita coisa: aumenta o vocabulário; promove o entendimento do significado das palavras; facilita o aprendizado das línguas romanas ou latinas e mais, leva ao  conhecimento sobre a origem, a raiz de determinados termos.
Um exemplo clássico é a palavra “lacte” de origem latina: “latte”, em italiano; “leche”, em espanhol; “leite”, em português e “lait” em francês.
Tudo isso para indicar uma recente doação ao Acervo Histórico do Livro Escolar – AHLE:
A Gramática Latina do padre João Ravizza, editado pela antiga Escola Industrial Dom Bosco, em Niterói, 11ª edição, de 1948, acrescida de um compêndio da história da literatura latina.
A última informação sobre esse livro é que foi editado ainda em 1966, em 13ª edição, pelas Escolas Profissionais Salesianas.
Uma ressalva de Rui Barbosa sobre o livro que lhe foi presenteado data de 1918, indicando esse ano como próximo à primeira edição da presente gramática.
Esses e tantos outros livros antigos que foram usados nas nossas escolas são fontes preciosas para a História da Educação, como também para a recuperação de aspectos sócio-culturais da nossa sociedade. A reconstituição desse passado nos serve como referência e reflexão sobre mudanças e permanências da nossa história.
A doação deste livro foi um ato generoso de quem aprecia livros e se preocupa com o uso e o destino que lhe são dados.









sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

O ensino da Língua Portuguesa e Humberto de Campos




Humberto de Campos (1886-1934) em Os males do ensino primário[1] escreveu que nunca se meteu em conspiração, mas se as crianças do país se reunissem para linchar um gramático ou um professor de português, que contassem com ele para uma primeira paulada.
O que levaria um renomado jornalista e escritor a fazer tamanha declaração? O que teria o autor contra os gramáticos ou o ensino da língua nas escolas?  Pois o que Humberto de Campos menciona em seu texto era e talvez ainda seja, uma prática pedagógica onde conteúdos e formas de ensino nem sempre são compatíveis com a idade, com a possibilidade cognitiva das crianças ou mesmo com seus interesses.
Claro que hoje em dia tudo isso mudou e faz parte de uma preocupação permanente da didática e das práticas de ensino nas escolas e nos cursos de formação de professores fazer essas adequações.
Mas o exemplo que eu trouxe quase como uma provocação é elucidativo de quantas vezes a escola fica desinteressante, longe dos anseios das crianças e muitas vezes, apresenta dificuldades que não deveriam existir. Não defendo aqui que aprender é sempre muito fácil, ligeiro ou sem uma dose de esforço.
Ora, a curiosidade e a vontade de conhecer são naturais. Qual criança não faz perguntas, não manifesta interesse por isso ou aquilo? Porque há de ser diferente quando entra na escola?
Já ouvi de muitas crianças e jovens que foram obrigados a ler extensos romances que não lhe chamavam a atenção ou que gramática é muito, mas muito complicado. Impossível até.
A educação escolar é uma etapa fundamental na vida das crianças e mostrar uma preocupação para que seja cada vez melhor é um dos objetivos deste curto texto. 
Outro foi trazer a baila Humberto de Campos, que não foi autor de livros didáticos, mas produziu uma vasta obra ao abordar assuntos como a escola e a educação, tendo como cenário as primeiras décadas do século XX.
Ilustro com dois livros próximos ao tema que postei. Um é de Psicologia da Educação e o outro,  sobre práticas de ensino. Esses e inúmeros livros de ensino da Língua Portuguesa, como também livros de formação de professores o AHLE resguarda para pesquisadores e interessados. 




[1] CAMPOS, H. Reminiscências... Obra póstuma. Rio de Janeiro, W. M. Jackson Inc. 1951. A primeira edição foi em 1935.