Acervo Histórico do Livro Escolar - AHLE

O ACERVO HISTÓRICO DO LIVRO ESCOLAR é formado pelo conjunto de livros escolares das antigas bibliotecas públicas infantis da cidade de São Paulo.

Com 5 mil volumes, o Acervo é composto por cartilhas, manuais escolares de todas as matérias de ensino, antologias literárias e livros de referência de uso escolar, entre outros, do século XIX até a década de 1980 e abrange os cursos primários, os secundários, os de formação de professor e o ensino técnico.
O Acervo está localizado na Biblioteca Infantojuvenil Monteiro Lobato, equipamento da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

Neste blog serão publicadas informações sobre esse acervo.


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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Apontamentos sobre análise de livros escolares antigos

Livros escolares como fonte de pesquisa tem largo alcance. Posso afirmar, pela experiência com a pesquisa nesse material, que desde o formato, a diagramação, a capa, as ilustrações, a grafia, cores, ou seja, feitios materiais dos livros, até a proposta pedagógica, conteúdo, a que público é dedicado,  faixa etária, a metodologia usada etc., são temas que se destacam nas análises desses livros.


Assim, o interesse tanto às especificidades, quanto a ângulos mais amplos estão presentes quando se trata desse material, por serem representativos de aspectos  educativos e socioculturais de um determinado contexto. Por meio de conteúdos, intencionalidades, métodos etc., configuram-se formas de expressão, influências, valores e idéias presentes nos períodos a que se refere o livro ou coleção didática.


Pois esperando contribuir sobre a pesquisa nos livros escolares antigos, que trazem indícios importantes em relação a aspectos da história da educação em nosso país, exponho algumas idéias sobre as possibilidades de análise que oferecem.


A identificação do livro, os conteúdos expostos e a metodologia usada são eixos de análise que devem ser considerados. Deste modo autoria, ano de publicação, edição, tiragem, editora e todas as informações contidas como faixa etária, série escolar a que se destina e outras que se encontram muitas vezes nas páginas iniciais ou finais do livro são elementos que nem sempre se dá a devida atenção. Se for uma reedição, por exemplo, notar se é revisada e buscar dados de outras edições para perceber mudanças na publicação do livro etc. Se o percurso do livro for longo atentar para seu uso por várias gerações e regiões do país, ou seja, sua trajetória e influência no processo de aprendizagem.


Sabemos que livros escolares veiculam o currículo escolar e apresentam saberes organizados. Nesse sentido o que o livro oferece ou omite; a adequação dos conteúdos e a articulação entre eles; idéias e valores presentes; as aspirações e hábitos sociais que veicula traduzem uma visão de mundo. Esses componentes aparecem também nas ilustrações e na forma como as informações se organizam.


Como recurso pedagógico, o livro escolar é um mediador de conteúdos e essa mediação é feita de acordo com métodos de transmissão do conhecimento. Nesse sentido, os sujeitos do processo ensino aprendizagem são levados em consideração? A aquisição do conhecimento se dá com predominante intervenção do professor ou a iniciativa do aluno tem relevância? A adequação à realidade do aluno é fator primordial? Ora essas e outras questões feitas pelo pesquisador podem decifrar as vertentes que sustentam maneiras de expor esses conteúdos. Claro que o professor é fundamental nesse processo e o que acontece em sala de aula o livro didático não mostra, mas é o livro, muitas vezes, o suporte  mais importante na relação entre aluno e professor.

Como exemplo, o livro Contos Infantis em verso e prosa de Adelina Lopes Vieira e Julia Lopes de Almeida[1], teve sua primeira edição em 1891. A edição que o AHLE conserva é de 1927, 17ª ed. Com prólogo da segunda edição, esclarece objetivos, datas, faixa etária adequada, o método usado, entre outras informações. São vários contos singelos, outros exemplares, algumas fábulas, sempre com questões para os alunos responderem no fim do texto. O livro foi aprovado para uso nas escolas primárias pela Inspetoria Geral da Instrução Primária e Secundária da Capital Federal dos Estados Unidos do Brasil em 1891.

Eis algumas poucas informações sobre o livro. E como são as questões colocadas pelo pesquisador que faz de um documento, de um livro ou outro material qualquer fonte de pesquisa, fica aqui uma provocação.


Notas:



[1] VIEIRA, A. L. e ALMEIDA, J. L. Contos Infantis em verso e prosa – adoptados para uso das escolas primárias do Brasil. Rio de Janeiro, Liv. Francisco Alves, 1927.

Um comentário:

  1. Gratidão pelo post.
    Sou pesquisadora de Tradução de Literatura Infantil e Juvenil e meu foco é em contos de fadas. Estava procurando por informações sobre essas autoras e encontrei seu blog.

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